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2021-12-15

Cooperar: a melhor forma de reforçar a capacidade competitiva das empresas

Uma central de compras. Uma academia de formação. A abordagem a um mercado estratégico. Foram, apenas, três dos exemplos de oportunidades de colaboração entre empresas enunciados no decorrer da apresentação do ‘Guia para a Cooperação Empresarial’, documento que, inserido no projeto “TECH-i9”, a CEFAMOL disponibiliza à indústria de moldes.


A apresentação teve lugar no dia 14 de dezembro, num webinar conduzido pelo autor do estudo, José Camacho, da BIID e professor no IADE - Universidade Europeia. Na ocasião, o responsável sublinhou que uma das grandes vantagens da cooperação é que reforça a capacidade competitiva das empresas.


“Tem havido, ao longo do tempo, exemplos de cooperação na indústria de moldes. Desde iniciativas, trabalhos, projetos e estratégias em conjunto que se têm mostrado úteis”, afirmou, adiantando que, neste contexto e de uma forma muito ampla, a cooperação deve ser encarada como “uma aliança entre empresas para concretizar objetivos comuns”.


E é em conjunto que a estratégia dessa cooperação deve ser definida, sob pena de não alcançar os objetivos pretendidos. E o que se propõe, salientou, é que “cooperemos para melhorar a capacidade competitiva e ir ao encontro do mercado e daquilo que são as necessidades dos clientes”. E a ser bem feita, a cooperação é vantajosa: “as empresas que cooperam são mais eficientes”, enfatizou.


Na sessão, que contou com a assistência virtual de cerca de três dezenas de profissionais do sector, José Camacho apresentou uma síntese do documento, no qual estão plasmadas muitas das vantagens desta estratégia conjunta entre empresas: tirar partido das melhores competências de cada organização, preencher falhas e lacunas, permitir inovação, investigação e desenvolvimento de produtos de forma integrada, entre outras.


Em síntese, considerou, “é uma forma de lidar com o risco, que passa a ser partilhado” e, com isso, consegue-se reduzir custos e até ganhar credibilidade. O sucesso desta cooperação, acrescentou, depende da estratégia definida pelas empresas e do seu envolvimento na parceria. Uma das palavras-chave para isso é “a confiança”, salientou.

 


Compras, formação, mercado

Posto isto, sugeriu três exemplos de cooperação que, no seu entender, poderão fazer sentido na indústria de moldes: a criação de uma central de compras, a constituição de uma academia de formação, e a aposta de internacionalização para um mercado estratégico, mais concretamente os EUA (através da promoção e mesmo da oferta de serviços).


No primeiro caso, considerou que um grupo de compras colaborativo tem vantagens tratando-se de empresas do mesmo sector, que adquirem os mesmos materiais e até têm em comum muitos dos fornecedores. Permite partilhar e reduzir riscos, bem como a troca de experiências, redução de custos e de carga de trabalho e ainda a especialização em determinados itens. O modelo, advertiu, tem de ser bem avaliado e definido, considerando que se evoluir pela positiva pode vir, até, a constituir-se como uma estrutura autónoma, do género de uma central de compras.


Em segundo, falou da academia de formação que, no seu entender, viria ajudar a colmatar uma falha que praticamente todas as empresas sentem: a carência de mão de obra especializada. O défice de trabalhadores e qualificações, a crise de competências industriais, o envelhecimento das organizações ou a ineficiência da formação face aos desafios que se colocam são algumas das questões a que uma cooperação deste tipo pode dar resposta, adiantou.


“Uma empresa isolada tem mais dificuldade em fazer isto”, declarou, lembrando que, associadas, as organizações podem dar melhor resposta e ganhar escala para alcançar um nível mais elevado de formação e com custos mais reduzidos.


Por último, falou da cooperação em internacionalização. No caso, o regresso ao mercado dos EUA, que já foi, nas décadas de 70 e 80, muito importante para os moldes portugueses.


Lembrando que continua a ser um dos mais importantes mercados do mundo enquanto importador de moldes para plásticos e borracha, considerou que uma abordagem conjunta permitirá às empresas retirar mais ganhos.


Aconselhou um trabalho prévio de análise para procurar o que mais se adequa a cada caso. Ou seja, encontrar micro mercados, onde a presença de concorrentes nos moldes não seja tão elevada. O plano a definir, considerou, terá de centrar-se em duas questões essenciais: a promoção e os serviços.


Em qualquer um destes três exemplos de cooperação, José Camacho considerou que a forma correta de avançar é começar devagar e ir caminhando à medida que a aliança se for consolidando e ganhando maturidade. Mas foi perentório em afirmar que, cooperando, as empresas ganharão enormes vantagens competitivas.


A apresentação deste guia foi uma ação integrada no projeto ‘TECH-i9’, dinamizado pela CEFAMOL que disponibilizou ao sector um conjunto de estudos, centrados em vários temas, de apoio ao desenvolvimento sustentável das empresas de moldes e sua cadeia de valor. Manuel Oliveira, secretário-geral da Associação, revelou que, no âmbito desta iniciativa, está a ser ultimada uma plataforma online onde estes estudos e as sessões de debate realizadas sobre os temas abordados serão disponibilizadas.

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