2021-11-30
Novos mercados como resposta aos desafios do sector de moldes
A indústria de moldes “tem enormes desafios pela frente” que se prendem, por um lado, com questões como os novos paradigmas de mobilidade que influenciam a ação da indústria automóvel; e por outro, com situações como as oscilações nas economias mundiais, sobretudo na Europa, onde se concentram os principais clientes do sector.
Para colmatar alguns destes constrangimentos, José Camacho, da Business Innovation and Industrial Dynamics (BIID), considera que as empresas devem estar atentas a um conjunto de fatores: em primeiro lugar, que estão posicionadas num mercado muito competitivo no qual se verifica uma tendência para a homogeneidade dos preços, ao mesmo tempo que se assiste a uma diminuição do gap da qualidade das ofertas. A isto, junta-se o preço e prazos de entrega de algumas matérias-primas. Por isso, é necessário olhar para os processos e perceber onde se podem retirar ganhos para aumentar a competitividade, apostando na inovação ou em fatores-vantagem como a proximidade com os clientes.
O responsável foi um dos oradores da Semana de Moldes, na qual apresentou o tema ‘Indústria de moldes mundial: evolução do comércio internacional’, no decorrer da Conferência Internacional Moldes Portugal 2021.
Na intervenção, apresentou uma comparação entre mercados (de dentro e fora da Europa), com análises de evolução e tendências a médio prazo, para concluir que o futuro se apresenta “desafiante”, mas que deve ser encarado com otimismo.
Para ganhar eficiência, considerou, as organizações necessitam de dar passos no sentido da automação, mas também na cooperação e diversificação de mercados, sejam geográficos, sejam sectoriais.
E as potencialidades de novos mercados constituíram um dos temas em destaque no decorrer da Conferência “Moldes Portugal 2021”. Christoph Doerr, do Alabama Department of Commerce, apresentou algumas das principais características da região sul dos EUA, mais concretamente do Estado do Alabama. No seu entender, trata-se de uma zona com forte tradição industrial na qual o sector automóvel tem vindo a crescer nos últimos anos. “Nos últimos 20 anos, várias marcas-automóvel instalaram-se lá e também cresceu a quantidade de fornecedores dessa indústria, como empresas de ferramentas e injeção de plásticos”, contou, salientando que há, no entanto, grande possibilidade de crescimento.
“É um mercado que está em desenvolvimento e que não tem a quantidade de fabricantes como tem, por exemplo, a Europa”, explicou, adiantando que “há necessidade de empresas de moldes e há apoios à instalação de negócios”. E a criação de uma empresa no local é, na sua opinião, a possibilidade mais vantajosa para as empresas portuguesas. “Podem começar com a reparação de moldes porque há muita necessidade, e depois ir conquistando clientes e crescendo”, defendeu.
Um outro mercado cujas vantagens foram enunciadas foi Marrocos. E este tem sido, seja pela proximidade, seja pela crescente aposta da indústria automóvel, um país para o qual os fabricantes de moldes portugueses têm olhado com particular atenção.
Coube a Rachid Machou, da Associação Marroquina para a Indústria e Produção Automóvel (AMICA) fazer a apresentação do mercado que, salientou, “é atualmente o principal país de África na produção de automóveis”. E esta indústria, revelou, “é e vai continuar a ser estratégica para Marrocos”.
Salientou ainda que ao contrário da quantidade de empresas montadoras de veículos ali instaladas, há pouca oferta a nível da indústria de moldes. “Temos necessidades nessa área, o que pode ser uma boa oportunidade para os fabricantes portugueses que são reconhecidos pela sua qualidade e rigor”, afirmou, frisando que “há também necessidade de formar mão-de-obra qualificada que, pela exigência e especificidades do sector dos moldes, hoje não existe”. No seu entender, a melhor forma de abordar o mercado é instalar-se lá, aproveitando os apoios que existem, ou encontrando um parceiro local.