2022-02-17
Ambiente de trabalho saudável melhora desempenho e aumenta resultados
Um ambiente de trabalho saudável é fulcral para ajudar uma organização a crescer. As empresas ficam mais aptas para responder aos clientes, motivar e reter colaboradores, alcançar resultados, diminuir absentismo e tornam-se mais preparadas para se adaptarem melhor à mudança e implementar a inovação.
Patrícia Baptista (docente na Católica Lisbon School of Business and Economics) e Artur Ferraz (consultor na área de Gestão de Pessoas) voltaram a juntar-se em mais um webinar do Programa Talentum, dinamizado pela CEFAMOL e, no dia 16 de fevereiro, partilharam as suas opiniões sobre como ‘Construir Ambientes de Trabalho Saudáveis’.
Perante uma plateia virtual composta por quatro dezenas de profissionais do sector, os dois oradores, com a moderação de Manuel Oliveira (CEFAMOL), conduziram uma interessante e dinâmica sessão, no decorrer da qual procuraram elencar algumas sugestões para que as empresas consigam implementar medidas e alcançar um ambiente de trabalho mais saudável.
Patrícia Baptista começou por acentuar que esta é uma questão que começou a ser pensada em pleno século XIX, exemplificando com o caso da empresa de chocolates Cadbury que, então, criou casas para aumentar a segurança dos seus trabalhadores. Com a evolução da indústria, o tema foi ganhando dimensão e, nas últimas décadas, o ambiente saudável tornou-se central para os profissionais e até determinante para ficarem ou deixarem as empresas.
Citou o trabalho de agências de consultoria na área da Gestão de Pessoas, defendendo que um dos passos fundamentais para implementar uma mudança é criar ferramentas que permitam aferir a saúde das empresas. E apostar nesta mudança, considerou, “é fulcral para melhorar o desempenho das organizações e consequentemente aumentar resultados”. Mas, advertiu, não se trata apenas de saúde e bem-estar da empresa. “É uma abordagem mais holística, uma vez que mexe com toda a estrutura”, salientou, explicando que ao implementar a mudança, a empresa conseguirá alcançar vantagens como reter talentos ou definir lideranças.
“A aposta nestes conceitos faz as empresas irem mais longe”, sustentou. Por outro lado, acrescentou, “o modelo de maturidade de uma empresa tem na base a segurança dos trabalhadores, depois o seu bem-estar, a saúde no trabalho e, no topo, uma organização saudável”. Por isso, “quanto mais estruturada de forma a ser saudável, melhores os resultados: pessoas empenhadas, mais crescimento, melhores negócios”.
Já para Artur Ferraz, o início deste processo de mudança é ter a noção de que é necessário mudar. “É preciso admitir a necessidade porque quem acha que não está mal, não vê caminho para andar”, sublinhou, considerando que “é preciso saber ao certo o ponto onde estamos, o ponto onde os outros estão e o que temos de fazer para chegar onde ainda não estamos”.
Enfatizou ainda que “a partir do momento em que iniciamos, se há resultados dessa mudança, temos de os conseguir medir para perceber a evolução; ou seja, é preciso criar métricas”. No seu entender, para um processo destes, “a comunicação é fundamental”.
Defendeu ainda que no caso de uma empresa que ainda não tenha estruturado um departamento de Recursos Humanos será, porventura, mais positivo ter alguém externo a apoiar o processo de mudança. “É que as pessoas expõem-se de forma direta nestes processos e é importante que se sintam confortáveis a fazê-lo para ajudar na mudança”, explicou. Chamou ainda a atenção para uma outra questão a ter em conta: a mudança não se faz de um dia para o outro. “O grande problema da mudança na gestão de pessoas é que a mudança nas pessoas é um processo moroso”, frisou.
Patrícia Baptista enfatizou a necessidade de se apostar nas pessoas, dando-lhes autonomia, responsabilidade e a pertença associada ao propósito. Considerou ser muito importante que as empresas permitam aos seus recursos humanos crescer, dando-lhes possibilidade de experiência e erro. “Trabalhar estas questões é como criar um filho: temos de passar os valores e deixá-lo depois arriscar a tomar decisões, para que cresça”, sublinhou. No seu entender, isso aumenta a motivação. E, afirmou, “a motivação vem de dentro e leva-nos a agir para alcançar resultados”.
Os dois oradores foram unânimes em considerar que a satisfação no local de trabalho vai para além do salário. “A aposta só no salário não tem o mesmo impacto do que apostar noutros fatores, como a autonomia, confiança, progressão na carreira ou integração na empresa”, defendeu Patrícia Baptista, enquanto Artur Ferraz considerou que “a empresa tem de direcionar a intensidade da motivação das suas pessoas”.
Neste aspeto, consideram os oradores, o papel dos decisores é fundamental. “Vão ter de olhar para os resultados e decidir. As pessoas, por si só, não fazem a mudança. Tem de haver decisão de topo”, salientaram.
Em relação aos jovens que chegam agora às empresas, Patrícia Baptista lembrou que “é preciso uma nova forma de olhar a vida profissional que, nas novas gerações, tem de estar em equilíbrio com a vida pessoal. Cada pessoa define o seu equilíbrio e a empresa tem de conseguir encontrar isso e ajustar-se”.
Para Artur Ferraz, “é imperioso preparar as organizações em termos de estrutura: rever horários e clarificar, analisar as nossas empresas, olhar para o mundo atual, ver como as pessoas são diferentes e criar estruturas para captar pessoas”. No seu entender, “as organizações, para serem sustentáveis, têm de saber ler esta nova realidade e pensar como se vão adaptar às características deste mercado”.
Criado pela CEFAMOL, o Programa Talentum procura, desde 2019, chamar a atenção para as temáticas relacionadas com a inovação organizacional e Gestão de Pessoas nas empresas. Para além dos webinares, é composto também por ações de formação e outras ações de intervenção direta nas empresas, com o objetivo de apoiar, de forma eficaz, a mudança que as mesmas necessitam para crescer.