2022-02-01
Aposta no desenvolvimento das pessoas cria empresas resilientes
O Programa Talentum começou o ano de 2022 com uma reflexão sobre um tema que faz parte do dia-a-dia das empresas, na sequência da pandemia: como tornar uma organização resiliente? E a resposta é uma aposta no desenvolvimento das pessoas, de forma que consigam colocar as empresas a superar as adversidades. Esta foi uma das principais conclusões do webinar ‘Desenvolver uma Organização Resiliente’ que, organizado pela CEFAMOL, decorreu no dia 31 de janeiro.
Patrícia Baptista (Diretora de Recursos Humanos na Vitacress) foi a convidada desta sessão que, em conjunto com Artur Ferraz (Consultor na área de Gestão de Pessoas), o orador residente nestas “CAOS Sessions”, protagonizaram uma interessante partilha de opiniões e experiências, perante uma plateia virtual constituída por mais de quatro dezenas de profissionais do sector.
Diversidade, flexibilidade, motivação, integração e sucessão foram as principais ideias-chave no decorrer da sessão. São, no entender dos dois especialistas, as questões fundamentais num momento em que a pandemia deixou marcas a nível económico, social, alterou a vida das pessoas e acelerou tecnologias, estimulando novas formas de organização do trabalho.
Para Artur Ferraz, a resiliência é “a habilidade de antecipar, se preparar e adaptar a transformações graduais para sobreviver e prosperar”. As empresas têm de “saber preparar-se, ser flexíveis e, dessa forma, responder a mudanças inesperadas”, explicou, sublinhando que “é preciso trabalhar o presente, mas olhando para o futuro”. E isto centrando as prioridades em seis áreas-chave: finanças, operações, tecnologias, organização, reputação e modelo de negócio. No processo de mudança, é preciso dar autonomia às pessoas, recrutar os melhores talentos, desenvolvê-los e manter planos de sucessão robustos em toda a organização.
Já Patrícia Baptista defendeu que, para ser resiliente, a empresa tem de ser constituída por pessoas com capacidade de se adaptar e serem flexíveis a mudanças extremas. Aqui, sublinhou, a Gestão de Recursos Humanos tem um papel fundamental: ajudar a organização a captar e reter talento.
Isto, no seu entender, é fulcral sobretudo nesta atualidade pós-pandemia. Lembrou o fenómeno designado por ‘The Great Resignation’ que se nota, por exemplo, nos Estados Unidos, onde mais de 20 milhões de pessoas deixaram os seus empregos em busca de um novo sentido para as suas vidas. “A pandemia fez-nos ficar numa espécie de teatro, a assistir à nossa vida e a pensar no que vale a pena manter”, explicou, frisando que “o propósito da vida mudou com a pandemia”.
Ora, sublinhou, “isto sente-se nas pessoas e reflete-se nas empresas”. Por isso, defendeu, é fundamental que as pessoas se sintam integradas, que tenham liberdade de errar e aprender com os erros, que desenvolvam as suas competências e que sejam reconhecidas.
A pandemia evidenciou as pessoas que, nas organizações, fazem a diferença, sendo mais flexíveis e que se adaptam de forma mais rápida às mudanças, afirmou, lembrando que “tudo roda em volta das pessoas porque todas as dimensões das organizações têm pessoas e não existem sem elas”. Depois, destacou a importância de mudar a forma como se olha para as lideranças. “São fundamentais, mas têm de conseguir realizar leituras rápidas das equipas e dos mercados, fazer com que as pessoas funcionem melhor e, com isso, também as organizações”, considerou.
Para Artur Ferraz, a liderança é uma questão primordial. Nas PME, defendeu, “é preciso construir lideranças, não apenas os cargos, mas as efetivas correntes de sucessão; ou seja, preparar as pessoas para a sucessão e para os novos desafios”.
No final da sessão, comentando o caso de uma empresa afetada pela pandemia, que luta por sobreviver, os dois foram unânimes em considerar que o ponto de partida para começar a evoluir é “ser honesto, sincero, e explicar às pessoas o que se passa”. A partir daí, é acreditar, ter mente positiva, vontade, construir cenários e envolver as pessoas que vão fazer a diferença. Em algumas empresas, trata-se de praticamente começar do zero e colocar em ação um modelo novo que lhes permita sobreviver e crescer.
Com este webinar, o Programa Talentum deu início ao seu quarto ano. Esta iniciativa, organizada pela CEFAMOL, procura, desde 2019, chamar a atenção para as temáticas da Organização e Gestão de Pessoas. Para além destas sessões de sensibilização, o programa é composto também por ações de formação e outras ações de intervenção direta nas empresas, com o objetivo de apoiar, de forma eficaz, a mudança.