2023-03-09
Empresas têm de dedicar tanta atenção aos colaboradores como aos seus clientes
O desenvolvimento tecnológico nas empresas não foi acompanhado pelo investimento na gestão de pessoas. Por isso, a indústria está a perder, a grande ritmo, uma quantidade considerável dos melhores talentos, que saem para vários países, nomeadamente do norte da Europa. Para inverter isso, as organizações têm de começar a criar estratégias para valorizar tanto os seus colaboradores como o fazem com os seus clientes.
Este foi um dos principais alertas deixados no decorrer do webinar ‘Employer Branding - O desafio do talento na indústria’ que, organizado pela CEFAMOL no âmbito do programa Talentum – criado com o intuito de gerir a temática da Pessoa nas organizações -, decorreu no dia 7 de março.
Artur Ferraz, da International Business Consulting (IBC) começou por chamar a atenção para o “desafio do talento na indústria” que, advertiu, é hoje marcado por diversos fatores disruptivos que caracterizam a realidade mundial, como a inteligência artificial ou a automação, entre outros. Por isso, salientou, o trabalho está a mudar e as empresas têm de se preparar para um novo tipo de empregos. Lembrando que os postos de trabalho estão hoje partilhados entre quatro gerações, sublinhou que é nas camadas mais jovens que tem de se centrar a prioridade, pois são essas que vão assegurar o futuro do trabalho. Contudo, no seu entender, a maioria das organizações não está preparada para as novas características desta geração. E essa tem de ser uma preocupação, tem de se tornar prioridade e tem de conduzir a uma diferença.
Para atrair talento apropriado, defendeu, “é fundamental uma cultura de colaboração e com espírito de propósito”. Os locais de trabalho, reforçou, têm de mudar e transformarem-se em espaços aprazíveis onde as pessoas se sintam bem. Aí, reforçou, assume um papel preponderante uma gestão eficaz de pessoas, na qual as empresas têm de apostar. Por outro lado, têm também de alterar a sua postura: em lugar de procurar as pessoas que precisam, têm de ser atrativas para que estas as encontrem e as escolham. A mudança, lembrou ainda, está a acontecer a uma velocidade enorme. E as empresas têm de apanhar este comboio, sob pena de ficarem pelo caminho.
Os alertas de Artur Ferraz foram partilhados pelo orador convidado desta sessão, Wagner Fernandes, Brand & Marketing Strategist e que conta com uma vasta experiência em marcas B2B ou B2C, de PME e multinacionais, nos mais diversos mercados.
“Em Portugal, as empresas não trabalham a questão da marca empregadora”, advertiu, considerando que esta deve ser uma das principais metas a alcançar. No seu entender, as empresas têm de olhar para os seus colaboradores como olham para os seus clientes. E dar-lhes a mesma prioridade. E nesse rumo, considerou, a promoção é fundamental. “Se for bem feita, é das melhores e mais rápidas maneiras para acabar com um mau produto”, lembrou, adiantando que, se pelo contrário, “não for bem feita, é das melhores maneiras para acabar com um produto”.
Se esta abordagem é válida para conquistar clientes, é-o também na questão da atração de colaboradores. O produto em causa, neste caso, é a oferta da empresa para o mercado de trabalho. Em comum, reforçou, aquilo que se procura são pessoas e é nelas que tem de estar o foco.
Os valores de cada organização são, por isso, uma questão essencial para trabalhar, defendeu. E é neles que está centrada a cultura da empresa. “A cultura é mais do que um slogan”, enfatizou, explicando que “a partir da cultura e acrescentando a marca, chegamos ao employer branding”.
Salientando que não há receitas perfeitas para aqui chegar, aconselhou as empresas a olharem para dentro, fazerem um diagnóstico da sua situação, definirem uma estratégia, planearem e desenvolverem táticas para alcançar o objetivo. E isto, destacou, tem de ser feito pelas organizações de forma sistemática e não apenas pontual.
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